terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Monte Roraima, a Subida (continuação)

Acordamos cedo, nos organizamos rapidamente, tomamos um bom café e partimos trilha acima. O tempo estava bem fechado e logo começou a chover.


Quanto mais a gente caminhava, mas a trilha ficava inclinada e mais a chuva apertava. Não poderíamos imaginar, mas essa chuva duraria 48 horas ininterruptas.

Chegamos no Acampamento Base, a 1.900m de altitude. Fizemos uma rápida parada e retomamos a caminhada. Logo na saída cruzamos um riacho que estava com um grande volume de água. Cruzamos esse riacho de botas e tudo e perdemos de vez o pudor de encharcar as botas e as meias. Após o riacho encaramos a primeira parte crítica - um trecho de trilha muito íngreme e erodido que foi vencido lentamente, com cuidado. Na sequência um pequeno trecho plano e depois uma longa e desgastante subida por solo rochoso e erodido até o ponto em que a trilha encosta no Paredão, a 2.300m de altitude.

Chegamos no paredão encharcados e cansados. Chovia bastante e qualquer travessia de riacho era complicada. Mesmo com muito frio fizemos uma parada para um rápido almoço. Era preciso estar bem para encarar a subida da Rampa, que estava próxima. Estava sendo realmente um dia duro...

Para atenuar o frio retomamos logo a caminhada, agora margeando o paredão para a esquerda. Às vezes cruzávamos riachos com água pelo joelho, às vezes caminhávamos por dentro do riacho, de pedra em pedra. E assim fomos subindo pela Rampa, ganhando altitude lentamente.

Ao chegarmos num mirador (mirante) vimos pela primeira vez o temido Paso de las Lagrimas (Passagem das Lágrimas). Uma rampa de pedras por onde descia bastante água, com duas cachoeiras de 300m vindo do topo do paredão. E o caminho era por ali...


Reagrupamos todo mundo e seguimos juntos, cuidadosamente pela ingreme subida de pedras soltas, com água vindo de todos os lados. Ao final uma sensação de alívio, quase de euforia, no momento mais louco de toda a nossa aventura.

Mas a subida continuava forte e as pedras soltas tornavam tudo bem delicado. Fomos subindo, deixando as cachoeiras do Paso de las Lagrimas para trás.



Enfim chegamos no final da Rampa, no Portal do Monte Roraima. O paredão estava vencido e até o tempo havia melhorado um pouquinho. Tivemos nossas primeiras visões do Mundo Perdido e nos impressionamos com os picos e vales do topo. Estávamos encharcados até a alma e comemoramos muito nossa chegada.


Mas com poucos minutos começamos a sentir muito frio. Estávamos molhados a 2.700m de altitude. Era preciso montar logo o acampamento. Seguimos caminhando pelos labirintos do Roraima e passamos pela pedra conhecida como "La Tortuga Voladora" (A Tartaruga Voadora), que na verdade é um local sagrado conhecido como Pedra de Macunaima.



Nessa primeira caminhada pelo topo logo compreendemos o gigantismo do cume do Monte Roraima - o abrigo, que no mapa estava "logo alí", estava na verdade a 40 minutos de caminhada. E essa última caminhada a 2.700m de altitude com vento e chuva teve um custo alto...



Finalmente chegamos ao local do acampamento, chamado Hotel Sucre. Os "hotéis" do Monte Roraima são falésias ou grutas onde é possível montar um acampamento abrigado da chuva.


Todos rapidamente colocaram roupas secas e se abrigaram, mas as Gi e a Monique tiveram forte hipotermia, precisando de um bom tempo no saco de dormir para recuperar o calor do corpo. Muitos equipamentos estavam molhados.

Tínhamos conseguido subir o Monte Roraima em dois dias e no nosso planejamento ainda visitaríamos alguns atrativos próximos ao acampamento: As Jacuzzis, as Ventanas (janelas, ou bordas do Roraima), etc. Mas com esse tempo só nos restava jantar e descansar...

Continua...  http://waldyrneto.blogspot.com/2012/02/monte-roraima-esperando-o-tempo.html

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